sexta-feira, 8 de abril de 2011

Encontro da Cadeia Produtiva e Criativa do Livro com a Ministra da Cultura

Acabei de voltar do centro da cidade, onde participei como ouvinte do Encontro da Cadeia Produtiva e Criativa do Livro com a Ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Fui representar a AEI-LIJ com outros colegas associados: Maurício Veneza, Sandra Pina, Rogério Andrade Barbosa, Flávia Côrtes e Sonia Rosa.

Como não levei caderninho nem máquina fotográfica ou filmadora, segue um resumo muito brando do que foi o evento. O encontro deveria começar às 11hs, mas atrasou 40 minutos. O auditório Machado de Assis estava lotado. Calculo que havia ali por volta de 200 pessoas ou mais. Na platéia estavam Beth Serra, da FNLIJ, Ruy Castro, Marina Colasanti, Antonio Torres, Arnaldo Niskier e muitas outras personalidades do cenário da literatura brasileira.


A mesa era formada por 10 representantes da cultura literária do país. Além da Ministra Ana de Hollanda, discursaram o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, o simpático anfitrião da casa, que falou sobre os elos da cadeia produtiva e criativa, sobre a digitalização do acervo da BN, enfatizou as conquistas do último governo, informou sobre a construção de um novo prédio na zona portuária, a Hemeroteca Nacional, e os novos passos da instituição,  que incluem a possibilidade de aluguel de livros digitais. Em seguida Galeno passou a palavra para o presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, que levantou o assunto sobre a nova lei dos Direitos Autorais. Joaquim disse que o autor é o elemento primário na criação e que deveria ser ouvido. Alegou que a nova DA, depois que foi revista, está melhor, mas que ainda existem espinhos que devem ser discutidos. Seu discurso foi breve e certeiro. No fnal convidou a Ministra para uma reunião de membros da UBE.

Não me lembro agora da ordem que se seguiu (eu devia mesmo ter levado um cadernnho), mas Jorge Nunes, da Abrelivros declarou apoio à Ministra e disse que sua Associação ofereceria ajuda em futuras discussões. Domício Proença representou a ABL e prontificou-se a ler a carta dirigida ao MINC por ocasião da consulta pública da nova lei de DA. Ana de Hollanda pediu então que os comentários fossem feitos em cima da lei revista após a consulta. Um representante da LIBRE (que infelizmente não tomei nota do nome) apresentou sua instituição e ressaltou a importância da Liga, que embora seja de pequenas editoras independentes, também tem seus best-sellers e são fundamentais para a disseminação da cultura (Aqui ele mencionou o livro da Bruna Surfistinha, o que acarretou risadas da plateia, depois acrescentou que também publicavam poesias, histórias infantis, contos e romances de ficção, entre outros).  

Karine Pansa, presidente da CBL, leu um texto onde falava sobre a ligação de autores, editores e livreiros. Sonia Machado Jardim, presidente da SNEL, ressaltou a importância da nova lei e agradeceu à Ministra por ter pedido a revisão do texto. Disse que ainda não estava perfeito, mas que as alterações levaram a uma melhora evidente. Sonia alertou sobre o perigo que a pirataria representa e comentou que deveríamos aprender com o desastre que aconteceu com a música, onde os artistas dependem somente de seus shows. Brincou ainda perguntando ao Domício se ele conseguiria viver de shows e ele respondeu que "com cantos líricos se garante" (risadas na plateia). Sonia fez uma defesa dos autores e editores e foi muito aplaudida.

Um representante do Colegiado Setorial do Livro e Leitura, Instituto Pró-Livro, falou sobre o colegiado, sua ligação com os setores de produção e o produto final, o livro (segundo ele, os meios que justificam o fim, ou algo assim). Reclamou ainda da grande quantidade de livros estrangeiros traduzidos e publicados em detrimento dos livros de autores nacionais. No final cobrou uma posição sobre a Lei do Livro, parada desde 2003. 

Finalmente a palavra foi passada para o último convidado da mesa, o escritor Affonso Romano de Sant'Anna, que começou dizendo que no serviço público a roda é quadrada. E você tem que fazer a carruagem andar assim mesmo. Affonso falou sobre os quatro grandes momentos da cultura literária no Brasil. Primeiro com Monteiro Lobato, que editou livros e distribuiu para todos os cantos do país. Depois com as bibliotecas sobre rodas. O terceiro momento com a leitura literária nas escolas. E agora o quarto momento, com a Fundação Biblioteca Nacional que leva o livro para fora das escolas. O escritor também comentou sobre a participação da presidente Dilma no programa de Ana Maria Braga. "Ninguém percebeu o episódio mais marcante do programa. Enquanto preparava seu omelete, a presidente falou que, quando jovem, gostava de ler romances água com açucar. Seu pai, um intelectual búlgaro, dizia que para cada romance água com açucar que a filha lesse, teria de ler um Dostoiévski. Gente, temos uma presidente que leu Dostoiévski!", brincou.  No final de seu discurso, Affonso agradeceu à Ministra por fazer a "carruagem andar".

A Ministra então garantiu o apoio à BN e discursou sobre o novo momento literário. Garantiu que o Ministério ampliará o diálogo com os profissionais do livro e insistiu que o mercado crie livros que sejam acessíveis a todos os brasileiros, para que seja possível incluí-los em uma cesta básica. Disse que o Vale-Cultura seria um investimento maior do que a Lei Rouanet. Anna comentou ainda sobre a ampliação da BN e suporte à digitalização que a instituição promove. (Clique aqui para ler o discurso da Ministra)

Galeno terminou o encontro agradecendo a todos os presentes, mencionou a Lei de Biografias, disse que o evento "bombou" (mais risadas) e terminou seu discurso por volta de 12:40.

Outros assuntos foram apresentados pelos membros da mesa, mas como disse, não anotei. Puxando pela memória foi isso aí.

8 comentários:

  1. Caramba, que memória!! Imagine se tivesse levado o caderninho... Parabéns e gostei muito do post!

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  2. Cássia disse...
    Caramba, que memória!! Imagine se tivesse levado o caderninho... Parabéns e gostei muito do post!(2)

    Realmente, muito bom,Alex!

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  3. Valeu, Alex! Obrigada pela postagem! Abraços,

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  4. Que memória! e, me conte... de DAs necas? da coisa da legislação que corre o risco de ser aprovada e talecoisa, necas de pitibiribas?
    Abracins,
    JP

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  5. JP, foi mais uma apresentação do que uma conversa. Cada membro da mesa apresentou sua instituição e pronto. A UBE e a SNEL comentaram que apesar das melhorias, depois da revisão, a lei ainda precisa de alguns ajustes e a Ministra demonstrou querer manter um diálogo. Não houve debate e ficou por isso mesmo.

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  6. Deu uma panorama legal. Obrigada. Gostei. Está com a memória muito boa, hein?! Super rico e proveitoso o evento. Bjs

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  7. Alex, muito obrigada por essa verdadeira reportagem sobre o evento! Não importa muito se o assunto dos DAs foi tocado meio de leve - o fato de se reunirem tantos nomes importantes da área para um diálogo com a ministra é ótimo sinal para nós! Para mim, significa não só que ela continua sensível ao problema, mas também de que não está solitária e ameaçada, como se chegou a pensar... Alex,quase me senti presente lá! Beijo,
    Angela

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