segunda-feira, 15 de julho de 2013

Entrevista para a Rádio UFMG Educativa

Hoje de manhã conversei com a super simpática jornalista e escritora Rosaly Senra para o programa Universo Literário da Rádio UFMG Educativa de Belo Horizonte. O papo rendeu bastante. Entre outras coisas, falamos sobre os livros Em cena: O Julgamento do Chocolate e O porteiro do Condomínio dos monstros, ambos lançados esse ano pela editora Baobá.

A entrevista já está disponível no site da rádio. Segue o link direto:

Caso queira ouvir outra das mais de 400 entrevistas gravadas desde fevereiro de 2011, clique no link abaixo. Tem conversas com Tino Freitas, Flávia Côrtes, Anna Claudia Ramos, Indigo, Fabrício Carpinejar, Leo Cunha, Luiz Antonio Aguiar, Adriano Messias, Flávia Savary, Caio Riter, Mauricio Veneza, André Neves, Marilda Castanha, Celso Sisto, Mariângela Haddad, Paula Pimenta, Claudio Martins, Walther Moreira Santos, Angela Lago, Lúcia Hiratsuka, Rosana Rios, Simone Pedersen e mais um monte de gente bacana.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Conselhos para escritores iniciantes

Nos últimos dois meses, vi alguns conselhos bacanas direcionados à escritores que começaram a por suas palavras de fora. Ei-los:

O G1 publicou algumas imagens tiradas na FLIP 2013, com sete autores convidados pelo Festival segurando papeis com dicas interessantes. A maioria já conhecemos bem, mas não vejo mal em reforçar. As imagens e as legendas são de autoria do G1

A franco-iraniana Lila Azam Zanganeh, autora de ‘O encantador: Nabokove a felicidade’. Ela aprendeu português em 5 meses.
Para escrever temos que ler muito lentamente e depois trabalhar, escrever mesmo, cada dia.

O escritor amazonense Milton Hatoum, autor de livros como “Dois irmãos”, “Cinzas do norte” e “Relato de um certo oriente”.
LER os clássicos. Viver intensamente. NUNCA SER INGÊNUO.

O escritor Daniel Galera, autor de ‘Barba ensopada de sangue’, ‘Cordilheira’ e ‘Mãos de cavalo’.
Nunca esqueça que não há evidência alguma de que alguém esteja minimamente interessado no que você tem a dizer.

O jornalista e escritor Edney Silvestre, autor de ‘Se eu fechar os olhos agora’, prêmio Jabuti de melhor romance em 2010.
Escreva. Edite. Escreva. Edite. Escreva de novo. Edite de novo. E deixe repousar por um par de meses. Aí veja se é preciso começar tudo de novo.

John Jeremiah Sullivan, autor de ‘Pulphead’, diz: ‘Não pare. Mas se você parar, não se sinta um fracasso. Você talvez tenha escapado de um destino difícil. Mas não pare’.
Don't stop. But if you do, don't feel like a failure. You may have escaped a difficult fate. But don't stop.

Para Geoff Dyer, autor de ‘Ioga para quem não está nem aí’ e ‘Todo aquele jazz’, a dica é: ‘Insista. (Não existe melhor conselho).
Keep at it! (There is no better advice.)

Thelma Guedes, coautora da novela ‘Cordel encantado’, do ensaio ‘Pagu: literatura e revolução’ e do livro de poemas ‘Atrás do osso’.
Primeira obrigação de quem quer ser escritor é ler muito. Parece óbvio, mas não custa repetir: ler, ler, ler. Outras dicas é sempre estar atento, curioso às histórias das pessoas, às pessoas, à vida, ao mundo. Nunca se afastar do muindo. 

Fonte: http://g1.globo.com/flip/2013/fotos/2013/07/na-flip-autores-dao-dicas-para-quem-quer-escrever.html#F867806

***

Conheça 13 conselhos do transgressor Chuck Palahniuk sobre escrever é o título de um post do jornalista Guilherme Carmona, de 13 de maio, no site literatortura.com. Nele, um texto originalmente publicado no litreactor.com e traduzido pelo autor da matéria. Eis o que disse Chuck:


“Vinte anos atrás, uma amiga e eu fomos até o centro de Portland no Natal. As grandes lojas de conveniência: Meier & Frank… Frederick & Nelson… Nordstroms… cada uma das grandes vitrines exibia uma cena simples, bonita:  um manequim vestindo roupas ou uma garrafa de perfume de pé sobre a neve falsa. Mas as janelas na loja J.J. Newberry, droga, elas eram abarrotadas com bonecas e ouropel e espátulas e kits de parafusos e travesseiros, aspiradores de pó, cabides de plástico, gerbils, flores de seda, doces – você entende o que quero dizer. Cada um das centenas de objetos diferentes era tabelado com um círculo descolorido de papelão. E, caminhando por lá, minha amiga, Laurie, deu uma longa olhada e disse, “A filosofia de decoração de janelas deles deve ser: ‘se a janela não parecer bem o bastante – coloque mais’.”

Ela disse o comentário perfeito no momento perfeito, e eu lembro disso duas décadas depois porque isso me fez rir. Aquelas outras vitrines bonitas… Estou certo de que elas eram estilosas e de bom gosto, mas eu não tenho recordações claras de como elas eram.

Para este ensaio, minha meta é colocar mais. Reunir um estoque de ideias ao estilo do Natal, com a esperança de que algo seja útil. Ou como se estivesse empacotando caixas de presentes para os leitores, colocando doces e um esquilo e um livro e alguns brinquedos e um colar, estou na esperança de que variedade o bastante é garantia de que algo aqui vai soar completamente estúpido, mas também de que alguma outra coisa poderá ser perfeita.

1: Dois anos atrás, quando escrevi o primeiro desses ensaios tratava-se do meu “método do cronômetro” de escrever. Você nunca viu esse ensaio, mas eis o método: Quando você não quiser escrever, programe um cronômetro para uma hora (ou meia hora) e sente-se para escrever até que o alarme toque. Se você ainda detesta estar escrevendo, estará livre em uma hora. Mas geralmente, ao momento em que o alarme tocar, você estará tão envolvido no seu trabalho, divertindo-se tanto com ele, que vai seguir em frente. Ao invés de um cronômetro, você pode colocar algumas roupas na máquina de lavar ou de secar e usá-los para cronometrar seu trabalho. Alternar entre o trabalho cerebral de escrever com o trabalho não-pensante da máquina de lavar roupas ou pratos te dará os intervalos que você precisa para que novas ideias e epifanias ocorram. Se você não sabe o que vem a seguir na estória… limpe seu banheiro. Troque os lençóis. Pelo amor de Cristo, tire a poeira do computador. Uma ideia melhor surgirá.

2: Seu público é mais esperto do que você imagina. Não tenha medo de experimentar com formatos de narrativa e mudanças temporais. Minha teoria pessoal é de que os jovens leitores se enjoam da maioria dos livros – não porque estes leitores sejam mais estúpidos que os leitores antigos, mas porque o leitor de hoje é mais esperto. Filmes nos tornaram muito sofisticados no quesito narrativa. E seu público é muito mais difícil de chocar do que você jamais poderia imaginar.

3: Antes de sentar e escrever uma cena, pondere sobre ela em sua mente e saiba o propósito daquela cena. Para quais tramas anteriores esta cena vai ser vantajosa? O que isso criará para as cenas seguintes? Como esta cena levará seu enredo adiante? Conforme você trabalha, dirige, se exercita, tenha apenas esta questão em sua mente. Tome algumas notas conforme tiver ideias. E apenas quando você decidiu a ‘coluna vertebral’ daquela cena – então, sente e escreva-a. Não vá até aquele computador chato e empoeirado sem algo em mente. E não faça seu se esforçar ao longo de uma cena na qual pouco ou nada acontece.

4: Surpreenda-se. Se você pode levar a história – ou deixar que ela o leve – a um lugar que te maravilha, então você pode surpreender seu leitor. No momento em que você visualizar qualquer surpresa bem planejada, muito provavelmente, o seu sofisticado leitor também o fará.

5: Quando você ficar preso, volte e leia suas cenas anteriores, procurando por personagens abandonados ou detalhes que você pode ressuscitar como “armas enterradas”. Quando terminava de escrever Clube da Luta, eu não tinha a menor ideia do que fazer com o edifício do escritório. Mas, relendo a primeira cena, eu encontrei um comentário aleatório sobre misturar nitroglicerina com parafina e como era um método duvidoso de fazer explosivos plásticos. Este detalhe bobo (… parafina nunca funcionou comigo…) criou a “arma escondida” perfeita para se ressuscitar no final e salvar meu rabo contador de histórias.

6: Use a escrita como sua desculpa para lançar uma festa toda semana – mesmo se você chamar aquela festa de “workshop.” Sempre que você puder passar tempo em meio a outras pessoas que valorizam e apoiam a escrita, isso vai balancear aquelas horas que você passou sozinho, escrevendo. Mesmo se algum dia você vender seu trabalho, nenhuma quantia de dinheiro vai compensá-lo pelo seu tempo gasto sozinho. Então pegue seu cheque adiantado, faça da escrita uma desculpa para estar entre pessoas. Quando você alcançar o fim da sua vida – confie em mim, você não vai olhar para trás e saborear os momentos que passou sozinho.

7: Deixe-se em companhia do Não Saber. Este pequeno conselho parte de centenas de pessoas famosos, de Tom Spanbauer até mim e agora você. O quanto mais você puder permitir que uma história tome forma, melhor ficará esta forma final. Não se apresse ou force o fim de uma história ou livro. Tudo o que você tem de fazer é a cena seguinte, ou as próximas cenas. Você não precisa saber de cada momento até o final. De fato, isso será chato para caramba de se executar.

8: Se você precisa de mais liberdade ao longo da história, rascunho a rascunho, mude os nomes dos personagens. Personagens não são reais, e eles não são você. Por mudar arbitrariamente seus nomes, você consegue a distância de que precisa para realmente torturar um personagem. Ou pior, apague um personagem, se é disso que a história realmente precisa.

9: Há três tipos de discurso – eu não sei se isso é VERDADE, mas ouvi em um seminário e fez sentido. Os três tipos são: Descritivo, Instrutivo e Expressivo. Descritivo: “O sol se ergueu bem alto…” Instrutivo: “Caminhe, não corra…” Expressivo: “Ai!” A maioria dos escritores de ficção usará apenas uma – no máximo, duas – dessas formas. Então use todas as três. Misture-as. É assim que as pessoas falam.

10: Escreva os livros que você deseja ler.

11: Tenha suas fotos de autor de livro vestindo jaqueta tiradas agora, enquanto você é jovem. E obtenha os negativos e direitos de imagem dessas fotos.

12: Escreva sobre os assuntos que realmente te desagradam. Estas são as únicas coisas sobre as quais vale a pena escrever. Neste curso, chamado “Escrita Perigosa”, Tom Spanbauer enfatiza que a vida é preciosa demais para passá-la escrevendo histórias mansas e convencionais com as quais você não tem nenhuma ligação pessoal. Há tantas coisa sobre as quais Tom falou mas que eu apenas me lembro parcialmente: a arte da “manumissão”, que eu não sei de cor, mas entendo que se refira à preocupação que você tem em mover um leitor ao longo dos momentos de uma história. E “sous conversation”, que eu interpretei como a mensagem escondida, enterrada dentro da história óbvia. Por eu não me sentir confortável descrevendo tópicos que eu apenas entendo pela metade, Tom concordou em escrever um livro sobre sua oficina literária e as ideias que ele ensina. O título é “Um buraco no coração”, e ele planeja ter um rascunho lido em Junho de 2006, com data de publicação no começo de 2007.

13: Outra história sobre uma janela no Natal. Quase todas as manhãs eu tomo meu café no mesmo restaurante, e nesta manhã um homem estava pintando as janelas com ilustrações de natal. Bonecos de neve. Flocos de neve. Sinos. Papai Noel. Ele ficou do lado de fora na calçada, pintando no frio congelante, sua respiração fazendo vapor, alternando pinceladas e passadas de rolo com diferentes cores de tinta. Dentro do restaurante, os clientes e garçons observavam conforme ele passava camadas de tinta vermelha, branca e azul na parte de fora das grandes janelas. Atrás dele a chuva se transformou em neve, caindo lateralmente com o vento.
O cabelo do pintor tinha todas as diferentes cores de cinza, e seu rosto era frouxo e enrugado como o bolso vazio de seu jeans. Entre cores, ele parava para beber alguma coisa num copo de papel.
Assisti-lo de dentro, comendo ovos e torradas, alguém disse que aquilo era triste. Um cliente disse que o homem era provavelmente um artista fracassado. Era provavelmente uísque no copo. Ele provavelmente tinha um estúdio cheio de pinturas fracassadas e agora ganhava a vida decorando janelas cafonas de restaurantes e lojas de doces. Apenas triste, triste, triste.
Um garçom passou pelo local, servindo café às pessoas, e disse, “Isso é tão bacana. Eu queria poder fazer isso…”
E a despeito de nós invejarmos ou sentirmos pena desse cara no frio, ele continuou pintando. Adicionando detalhes e camadas de cor. Eu não estou certo sobre quando aconteceu, mas em algum momento ele não estava lá. As figuras sozinhas eram tão ricas, elas preencheram as janelas tão bem, as cores eram tão vibrantes, que o pintor havia sumido. Fosse ele um fracasso ou um herói. Ele desapareceu, sumiu para qualquer lugar, e tudo o que nós estávamos vendo era seu trabalho.
Como lição de casa, pergunte a sua  família e amigos como você era quando criança. Melhor ainda, pergunte a eles como eles eram quando crianças. Então, simplesmente escute.

Feliz Natal, e obrigado por ler meu trabalho.”

terça-feira, 2 de julho de 2013

Prêmio SESC de Contos Infantis Monteiro Lobato

Desde 2002, o Serviço Social do Comércio do Distrito Federal (SESC-DF) promove edições anuais de prêmios de literatura com o objetivo de aglutinar e dar visibilidade a escritores de diversos gêneros literários. Em 2004, o Prêmio SESC de Contos Infantis Monteiro Lobato foi criado para revelar talentos que, como o homenageado, se inspiram no mundo encantado das crianças para redigir seus contos.

Em 2013, o SESC-DF promoveu seu décimo prêmio de contos infantis, hoje um dos mais renomados prêmios de LIJ do país.

Desde a primeira edição, já são 121 textos nas coletâneas do Prêmio Monteiro Lobato. Entre os autores publicados estão Walther Moreira Santos, Luis Pimentel, Simone Pedersen, Ana Cristina Melo, Éder Rodrigues, Tatiana Alves, Ronize Aline, André Kondo, J. P. Hergesel e eu aqui. 

Recebi o livro de 2011 como parte da minha premiação. Ganhei os livros de 2010 e 2009 de amigos escritores. Resolvi comprar todos os outros para completar a coleção. Procurei pelos livros em tudo o quanto é lugar. Não há nenhum a venda na Estante Virtual. Consegui falar com a biblioteca do SESC-DF e descobri que eles vendem a dez reais cada, mas o comprador tem que buscar no local. Pedi para uma amiga de Brasília pegar e agora estou com tudo aqui. Falta só o de 2012 que ainda não saiu. Todos tem o formato 20x20, com exceção do livro de 2005 que é maior (30x23). 

Creio que só venderão aqueles que sobraram das primeiras edições. Não acredito que o SESC publicará os livros novamente. Portanto, se quiserem adquirir, corram porque o estoque é limitado.

(2004) 1° lugar: José Hélio Sales Feitosa Júnior
com "Dias de chuva".
Ilustrações: J. Rafael

(2005) 1° lugar: Eline Rozária Ferreira Barbosa
com "Enxergando no escuro".
Ilustrações: Cristiano Melo

(2006) 1° lugar: Letícia Ono com "Zezinho e o beleléu".
Capa: Jô Oliveira - Ilustrações: Ilustrativa 

(2007) 1° lugar: Theresa Guedes
com "Meu avô e o cobertor xadrez".
Ilustrações: J. Rafael, Michelle Souza e Adriano Carvalho 

(2008) 1° lugar: Éder Rodrigues
com "A arte de empinar pipas".
Ilustrações: J. Rafael

(2009) 1° lugar: Paulo Sérgio Marques
com "O bom dragão".
Ilustrações: André Mangabeira

(2010) 1° lugar: Paulo Sérgio Marques
com "Aujé, Presidente do Brasil".
Ilustrações: J. Rafael

(2011) 1° lugar: Alessandra Mora da Costa
com "Minha vida tem um buraco".
Ilustrações: sem referência

O texto vencedor do prêmio em 2012 é "Como calar a boca de um dragão", de João Paulo Lopes de Meira Hergesel. Até o final do ano saberemos quem é o vencedor da edição 2013.