Os Direitos Autorais protegem à todos!
Escritor não dá show.
Quando falamos sobre a democratização do saber, temos que levar em consideração que há um trabalho em cima da criação. E este trabalho deve ser remunerado, afinal ninguém vive de brisa.
Ninguém senta e escreve uma boa obra de primeira. Quem trabalha com literatura estudou, comprou livros, passou meses escrevendo e reescrevendo para que ficasse perfeito. Pesquisou. Pagou pelo material, pela luz, pela energia. Virou noites. Comeu mal. Seu trabalho não contou para a aposentadoria. Não recebeu férias e nem décimo terceiro. Abdicou de finais de semanas e benefícios. É muito diferente de uma pesquisa bancada por uma faculdade, por exemplo.
A outra opção para o direito de autor é o mecenato.
Mudar a lei e dizer "se vire e se reinvente" é cruel e ditatorial. Dê antes uma opção viável e depois mude a lei.
Chamar esse roubo de direitos como democratização do conhecimento é descabido.
Os direitos autorais protegem à todos. Eles contemplam o sambinha criado pelo porteiro, o poema feito nas horas vagas pela atendente de telemarketing... São direitos que beneficiam todo mundo, não importa se pobre ou endinheirado, branco ou preto, feio ou bonito. Quer algo mais democrático do que isso? Quem se beneficia com o fim desses direitos senão as grandes corporações e os que vivem da criação alheia?
Sem o retorno financeiro, o autor deixará de criar com a mesma motivação. Não haverá a mesma dedicação de editores, ilustradores, revisores, diagramadores, escritores e outros profissionais para aperfeiçoar a obra. Haverá sim, uma enxurrada de lixo na internet, nos empurrado goela abaixo como se fosse arte da melhor qualidade. E muitos desses trabalhos deverão ser direcionados e bancados por grandes empresas. Voltaremos a criar anjinhos em tetos de capelas de igrejas por alguns trocados. A não ser, é claro, que o artista seja rico.
Hoje já existe um grupo que pede para tirarmos o cachimbo da boca do Saci. No futuro, essas mesmas pessoas serão as que bancarão os livros lidos pelos nossos filhos. E esqueceremos que o Saci fumava o pito. Isso é, como disse, a volta do mecenato.
Entendo que a necessidade de educar nossas crianças é enorme. Mas o fornecedor de giz recebe. A empresa que constrói as carteiras recebe. Os professores recebem mal, mas recebem. O diretor da escola recebe. A empresa que fornece os uniformes recebe. Quem prepara a merenda recebe, o fornecedor de papel recebe, o importador de tinta recebe... #MINC
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