Os livros do Max Yantok são dificílimos de encontrar. E quando os achamos são muito caros. Tenho esses quatro e estou sempre de olho por outros, afinal são mais de 40 títulos assinados por ele. Nicolau Cesarino era filho de italiano com uma filha de pajé. Em 1911, criou pra "O Tico-Tico" o personagem Kaximbown, um ricaço de cachimbo, que tinha como fã confesso ninguém menos que Rui Barbosa. Particularmente, gosto muito de "As aventuras maravilhosas de Juca Mutuca e Fanikito", com esse dragão com cara de macaco.
Em 1956, já idoso, teve problemas em publicar suas ilustrações, consideradas “ultrapassadas” pelos editores.
Aposentou-se em 1962 e faleceu no Rio, em 1 de outubro de 1964. Seu medo, segundo sua viúva Amélia, era ser esquecido.
Esses são os três livros da série de histórias da Candimba que Silvia Autuori publicou em 1938. Silvia foi uma apresentadora de programa infantil de rádio, escritora e dramaturga que pertenceu a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT). No início dos anos 1930, na Rádio Tupi de São Paulo, ficou famosa por criar a personagem Tia Chiquinha.
Ao ser perguntada, em entrevista à Revista Carioca, de novembro de 1942, se a Tia Chiquinha já tinha publicado algum livro, respondeu: "Sim, meu sobrinho. O primeiro foi baseado no legítimo "folclore" paulista e destinado — bem como os outros — às crianças. "Histórias da Candimba" teve boa aceitação, chegando a doze milheiros a sua tiragem inicial. Depois... Bem. Deixemos as lembranças tristes. Este livro compõe-se de três volumes sem interdependência. No mesmo ano, em 1938, surgia a minha quarta criação livresca, denominada "Joãozinho" — o menino que sonha..."
Bem, pelo andar da carruagem, a sua relação com a editora não foi das melhores.
Entre os livros da minha coleção estão esses dois do Thales de Andrade. Percebe-se, na quarta capa de "Itaí na cidade maravilhosa", que o autor pretendia lançar outros da série. No entanto, como eram livros lançados de forma independente, deve ter lhe faltado tempo ou dinheiro. São livros raros e muito interessantes. No primeiro, somos apresentados a criaturas fantásticas relacionadas a cada um dos elementos (Iara da água, Boitatá do fogo e por aí vai).
O grande salto da literatura infantil e juvenil brasileira do século XX foi a publicação de A menina do narizinho arrebitado, de Monteiro Lobato.
Polêmicas à parte, Lobato foi, além de um ótimo escritor, um editor de primeira, que soube transformar o objeto livro em um artigo de excelente qualidade estética e muito desejado para enfeitar olhos e estantes de jovens leitores. Sua habilidade como negociante é conhecida por todos os que estudam o mercado editorial. Ele era capaz de vender livros em açougues, se isso fosse necessário.
Tenho vários livros do Lobato em minha coleção. Ambos os da imagem são raros, sendo o primeiro um fac-símile de 1982 e o segundo um dos poucos exemplares originais que sobraram de 1921.
Esses são os dois livros de literatura infantojuvenil publicados pelo modernista Menotti Del Picchia. São duas aventuras extraordinárias vividas pela dupla do barulho João Peralta e Pé de Moleque.
Uma curiosidade: Enquanto o primeiro livro navega nos mares de Reinações de Narizinho, a obra de Lobato chega a ser mencionada na história, a saga gullivaresca do segundo título foi publicada antes de A chave do tamanho. Teria Picchia retornado o favor e influenciado a história de Lobato?
Como alguns já sabem, eu coleciono livros de literatura infantil e juvenil brasileira antigos. Comecei durante a escrita da dissertação de mestrado e não parei mais. Esses três são da Henriqueta, que era casada com o livreiro Joaquim Saraiva e que iniciou o catálogo infantojuvenil da editora da Livraria Acadêmica, especializada em livros para juristas. A Acadêmica depois se tornou a Saraiva, que todos conhecemos.
Alexina foi uma mulher muito à frente do seu tempo e pioneira nos estudos do folclore nacional e regional. Com apenas 20 anos de idade, teria ido sozinha para Europa e frequentado diferentes cursos na França, Itália, Espanha e Portugal. Permaneceu lá por um ano. Quando voltou trouxe uma bicicleta e desafiou a tradicional sociedade da época, pedalando pelas ruas da cidade e usando calças compridas, o que quase lhe rendeu uma excomunhão pela igreja. Trabalhou como professora, mas havia uma certa resistência aos seus métodos e sua personalidade. Em sala de aula, quebrou paradigmas ao substituir os castigos físicos por tarefas intelectuais. Trocou a palmatória por exercícios de memória e dicção, fazendo os alunos indisciplinados aprenderem cantigas de roda e trava-línguas. Foi ainda a primeira a usar material folclórico na elaboração de materiais didáticos infanto-juvenis e inovadora ao acreditar no potencial educativo da cultura popular. Ela acreditava ser fundamental a criação de uma literatura nacional voltada para crianças e jovens, além da criação de bibliotecas voltadas a este público. Morreu surda e atropelada por uma locomotiva aos 51 anos em Corrêas-RJ, sendo arrastada por 800 metros.
Madame Chrysanthème era como a jornalista e escritora carioca Cecília Moncorvo Bandeira de Mello Rebello de Vasconcellos assinava seus livros. Filha da escritora Emília Moncorvo Bandeira de Mello, adotou o pseudônimo na sua primeira obra, o infantil Contos para crianças por Chrysanthème (1906). O nome escolhido veio de um livro de Pierre Loti que contava a história de uma japonesa submissa ao marido, um oficial da marinha francesa. É possível observar uma fina ironia na escolha do apelido, já que a autora não tinha nada de submissa, muito pelo contrário. Em uma época em que a grande maioria das mulheres ainda utilizava pseudônimos masculinos, Cecília se apresentou com o nome de uma gueixa. Embora não se considerasse uma feminista, pois ao contrário delas acreditava que o magistério era natural às mulheres, sua obra está recheada de ataques a costumes que ela considerava ultrapassados e de críticas às mulheres fúteis e desocupadas. Isso é compreensível pois Cecília ficou viúva cedo e precisou trabalhar para sustentar a si mesma e ao seu filho sem depender de homem algum.
Julia Lopes de Almeida, em entrevista a João do Rio, contou que escrevia seus versos escondida até que o seu pai leu um dos seus textos, deixando-a constrangida. Ele não disse nada, mas no dia seguinte levou a família para uma apresentação de uma pianista italiana e, na volta para casa, contou a filha que o jornal o tinha encomendado um artigo sobre a apresentação e que seria ela quem o escreveria.
João Köpke foi um escritor e professor nascido em Petrópolis. Bacharelou-se em Ciências Sociais e Jurídicas em 1875, sendo o primeiro petropolitano a diplomar-se em curso superior. Fundou, no Rio de Janeiro, o Instituto Henrique Köpke, onde deu aulas para os filhos de Ruy Barbosa, Eduardo Guinle e Conrad Jacob Niemeyer, entre outros. Köpke respeitava os limites e as aptidões dos alunos e condenava o ensino que privilegiava a memorização.
Nos últimos anos de sua vida, além de pensar em “novo método de combater o analfabetismo através do rádio”, João Köpke ainda organizou na primeira estação de radiodifusão do Brasil – a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, do pioneiro Roquete Pinto – a ‘Hora das Crianças’.