Há meses vi uma série de retratos de uma pessoa que tirava a foto do filho no mesmo lugar, a cada ano. A sequência é muito interessante. Me perguntei se teria imagens minhas de cada ano vivido. Resolvi tentar juntar.
Difícil foi conseguir as fotos mais antigas. Tenho poucas fotos de criança e adolescente. Precisei limpar fotos borradas e pequeninas. Fiz trezentos cálculos de datas (nem todas tinham a data anotada). Catei até foto de documento. Terminado o trabalho, contemplei ali a minha vida. Me dei conta da finitude, do tempo curtinho. Coisas que imaginei terem acontecido há centenas de anos estão ali, a poucas fileiras acima. Tudo passa muito rápido. Os anos de escola, os de faculdade, os que morei em Botafogo, os de solteiro, os sem filhos, os com o corte de cabelo ridículo dos anos 70, os da época de cabeludo, os de quando eu tirava os óculos para as fotos, os de quando deixei de tirar, os daquelas viagens marcantes, os de quando trabalhei lá e ali, os anos depois de me tornar um autor publicado... A vida é como os livros na estante, que alguns arrumam por cores, outros por tamanhos, por autor, por ano de edição...
Gostei de contemplar a minha própria história. Deu saudade. Mas fiquei também curioso sobre o que o futuro trará.
Carpe diem!
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