Estava enrolado nos meus afazeres, esperando o computador cansado responder a um comando que fiz há anos atrás, quando o telefone toca.
Era a Vivo. Queriam me oferecer um benefício, pois sou um cara genial, um rei entre os homens e coisa e tal.
- É telemarketing? Não tenho dinheiro pra dar.
- Não precisa de dinheiro. É um benefício que queremos oferecer.
- E o que seria? - respondi enquanto tentava desemperrar o notebook.
- A oportunidade de ganhar 900 reais caso sofra um acidente e não possa pagar a conta de telefone.
- Como é que é?
- Se o senhor ficar impossibilitado de pagar a conta do telefone por motivo de doença ou acidente, a Vivo depositará 900 reais de crédito na sua conta e...
- Vocês querem me oferecer um seguro?
- Não é um seguro. É um benefício.
- Um benefício que é um seguro de acidentes.
- Bem, é isso mesmo.
- Que só servirá para pagar a conta de telefone da Vivo, caso eu sofra um acidente?
- É. Mas o senhor não terá de se preocupar...
- E quanto isso vai me custar?
- Estaremos descontando o módico valor de catorze reais por mês de sua fatura...
- Meu bem (o "meu bem" aqui não é carinhoso), você tinha me dito que não precisava de dinheiro, não é?
- São só catorze reais por mês, senhor.
- Quatorze reais para a Vivo não ficar sem receber sua graninha. Na verdade é um seguro para a Vivo. Só que quem paga somos nós. É um pagamento adiantado.
- Não, senhor. É um benefício que a Vivo oferece para os clientes mais...
- Não estou interessado. Passar bem.
Telefone desligado. Reinicio o computador pra ver se ele acorda.
No quarto ao lado os acordes de uma guitarra.
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