quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Três atributos que o escritor deve ter

Outro dia recebi um e-mail com um texto do jovem escritor e editor Hiago Rodrigues. Gostei muito do que li e já falei sobre isso na minha última palestra. O e-mail apontava para o endereço
http://publicalivros.com.br/escrever-sem-revisar/.

Segue:

"Estou aqui me perguntando, como um escritor, quantos textos eu já escrevi, quantas obras já compus, poemas, crônicas, contos, romances, todos cheios de erros de português.

Quando eu era só escritor eu não entendia uma coisa muito importante: competência, qualidade e originalidade. Eu só entendia de originalidade, e pensava que um escritor só precisava disso para escrever, de modo que só valia a pena ler (e escrever) meus livros por eles trazerem um sentimento novo.

Pois bem: competência e qualidade muitas vezes me atrapalharam a trazer a originalidade aos livros e tive que ir trabalhar com edição de livros pra ver isso de forma clara.

Competência: é basicamente a parte mais estrutural da escrita. É escrever direito, ortográfica e gramaticamente certo, e dominar a língua portuguesa e a Palavra a nível profissional.

Qualidade: é basicamente a forma, o modo, o meio de se narrar a história, de compor e espalhar os versos escolhendo as palavras (competência). Qualidade de escrita o autor só tem quando está consciente o bastante sobre o que pode e o que não pode escrever para expressar a ideia e os sentimentos que precisa para tal obra.

Muitos escritores não tem competência e são bem sucedidos ao contratar “profissionais” que revisem o texto de forma sistemática. Muitos editores até fazem isso pelos autores. Eu acho válido, mas acho isso como cadeira de rodas para quem está com preguiça de andar. Um autor que não sabe escrever não sabe o que está escrevendo e nem o que pode causar com o que escreve.

Muitos escritores não tem qualidade pois confundem ela com originalidade. É muito comum hoje em dia em autores egocêntricos, que se acham “os artistas de obras inéditas”, ou dentre aqueles autores que pensam ter ido ao extremo de sua criatividade e lá criado uma forma única de escrita, que o caracterize (como Proust, Machado, Guimarães Rosa e Clarice). Esta falta de qualidade está na falta de consciência. Se antes do autor escrever, ele parar e pensar: “- O que e como eu quero escrever essa ideia?” ele consegue ir desenvolvendo seus exercícios de qualidade.

Por Hiago Rodrigues, Editor"

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