Trevo de Leituras da AEILIJ: Maio de 2012
Festa do Calendário
de Alexandre de Castro Gomes
Resenha de Leo Cunha
Quase fábula
A literatura infantil sempre foi um campo fértil para a prosopopeia. As fábulas, principalmente, há muito nos encantam e nos provocam com suas cigarras, formigas, lobos, cordeiros e outros bichos que representam sentimentos, emoções e comportamentos humanos. Também já vimos vários objetos ganharem vida, como adorava fazer o saudoso Orígenes Lessa, com as "Memórias de um cabo de vassoura", "Memórias de um fusca", ou na deliciosa peça "É conversando que as coisas se entendem".
No livro "Festa do Calendário", Alexandre de Castro Gomes cria uma variação interessante dessa lógica, ao personificar não bichos, nem objetos, mas algo mais inesperado: os dias.
Alex, como é mais conhecido, vai surpreendendo o leitor aos poucos. Nas primeiras páginas, intuímos que há algo de inusitado naqueles personagens, mas ainda não sabemos exatamente o que é. Estamos na festa de fim de ano de uma empresa misteriosa: apenas 7 operários, mas que parecem 365. Eis que as pistas começam a surgir: uma das funcionárias se chama Terça-feira e é bem entrosada com os colegas. Já uma outra, chamada Segunda-feira, é mais desanimada e fica nos cantos. Quando percebemos que cada personagem é a personificação de um dia ou de um mês, o texto já nos envolveu e estamos curiosos para saber como cada um será apresentado. Sem contar que ainda aparece um personagem inesperado, meio coringa, meio folgado, de nome... feriado.
O projeto gráfico faz a opção interessante e providencial de pôr o texto inteiro em caixa-alta, o que colabora para desviar a atenção dos nomes próprios, o que poderia tirar a graça de algumas situações. As ilustrações de Cris Alhadeff exploram as cores e situações típicas de cada época do ano.
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