Fico besta com a hipocrisia de gente que tenta diminuir a cultura, usando como argumento clicheresco que o dinheiro deveria ser gasto com educação e saúde. Colocam os artistas no mesmo saco e nos acusam de nos beneficiarmos da Rouanet e de diversas "tetas" governamentais. Somos todos comunistas vendidos, de acordo com a visão de quem quer o fim do MinC. Não há diálogo conosco porque repetimos os mesmos mantras. (Hein? Cadê o espelho da sua casa?)
Começo a entender os colegas que perderam a paciência, até porque se você responder, logo vem 10 ou mais furiosos rebater com frases prontas e palavrões.
Mas vamos lá.
1) Nem todos os artistas são comunistas vendidos. Eu mesmo não conheço nenhum no meio em que atuo. Alguns são comunistas, alguns são vendidos, alguns não são nem uma coisa e nem outra.
2) Saúde e educação são importantes. O que não tira a importância da cultura. Aliás não conheço nenhum artista de fato que apoiou o congelamento dos gastos com saúde e educação.
3) Melhor do que chutar a cultura, seria chutar os especuladores financeiros. Conheço gente que trabalha com ações, não cria e nem contribui para a humanidade, e que se acha exemplo de virtudes.
4) Vamos fazer um levantamento das dívidas com o Governo das 10 maiores empresas de cada capital? Seus CEOs e herdeiros vivem tirando selfies em lanchinhas e jatinhos. E agora você reclama da renúncia fiscal da Rouanet? Oras!
5) E volta e meia governantes e suas trupes perdoam as dívidas de empresários generosos.
6) Vai se ferrar!
7) A série que você segue, a música que embala seu namoro e o livro que lê para seus filhos são frutos de muito trabalho. Muitos dos seus próprios sonhos foram inspirados por histórias que você ouviu quando ainda tinha escrúpulos.
8 ) Sufoque as manifestações artísticas e você sufocará os sonhos mais bonitos da próxima geração.
Acrescento aqui um trecho de uma postagem do cineasta Jorge Furtado, para concluir:
"...Enquanto isso, os produtores de fumo (e de câncer), os automóveis, bebidas, e também os jornais, tem dezenas de incentivos e isenções fiscais, e as igrejas não pagam imposto algum..."