segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

McLivro Feliz - Você vai gostar da diferença.

10 milhões de livros de escritores brasileiros serão distribuídos a partir do final de janeiro pela rede de lanchonetes McDonald's na America Latina. Metade destes ficará no Brasil. A outra metade irá para os países hermanos. Em novembro haverá uma nova campanha.

Tive essa semana uma discussão amigável com outros autores de LIJ sobre o assunto. Eu acredito que toda e qualquer ação que incentive a leitura e promova a literatura nacional é válida e merece aplausos. Mesmo que venha de uma loja que não venda a comida mais saudável que há. Não acho o fim do mundo comer um hambúrguer com batatas fritas e refrigerante de vez em quando, e prefiro livros do que brinquedinhos de plástico made in China (e tome argumentos sociais, culturais, econômicos e ecológicos). Afinal quem nunca comeu besteira quando pequeno? Parte de ser criança é justamente poder comer porcaria sem se preocupar com o colesterol.

Bem, dito isso, resolvi levar minha filha para comer um McLanche Feliz e escolher um livro da promoção. Aproveitei e comi um também para pegar outro. Optamos por De noite no bosque, de Ana Maria Machado, e Menino qualquer, de Caio Riter.

Páginas de rosto

O formato é bem pequeno: 11,5cm x 14,8cm. Os livros são embalados em um plástico com os títulos em português e inglês (At night in the woods e Any child), além do nome da coleção: Contos e Poemas do Brasil / Tales and Poems from Brazil. E o inglês termina por aqui, já que o miolo não é traduzido. Ambas as histórias são contadas em 19 páginas que incluem página de rosto, texto e ilustrações. As páginas 20 a 24 trazem exercícios para depois da leitura. Há ainda uma página dupla com adesivos das ilustras do livro.

Bem, sem querer entrar no mérito das histórias, tenho algumas observações a fazer. Os livros deveriam ser maiores. Apesar da qualidade do papel e da impressão serem boas, e da encadernação ser em brochura, no lugar de grampos, me lembrou a primeira Coleção Itaú de Livros Infantis distribuídos pelo Itaú Criança em 2010. Eles corrigiram isso já na segunda leva, oferecendo os livros no tamanho original. A ilustração é parte importante do livro infantil. Ela vem de mãos dadas com o texto e oferecê-la em tamanho reduzido diminui seu impacto.

Por falar nisso, outra observação que faço é em relação à escolha dos ilustradores. Ambos os livros que escolhemos foram ilustrados por argentinos. Gerardo Baró fez o da Ana Maria e Virginia Piñon o do Caio. Se a coleção é de livros brasileiros, então o certo seria que todos os autores (escritores e ilustradores) fossem daqui. Por que não são? Talvez tenha alguma coisa a ver com o fato dos livros serem impressos na Argentina pela editora Planeta de lá. Será? Hummm.

De qualquer forma seria justo que os nomes dos ilustradores estivessem na capa dos livros. Ocultá-los é um retrocesso e vai contra o que foi duramente conquistado nos últimos anos por esses profissionais.


Em ambos os livros que comprei há erros de revisão. O cão de Menino qualquer não "iuvava" para a lua. Em De noite do bosque, Mogli (nome do personagem em português) vira Mowgli (nome em espanhol/inglês).

Apesar dos poréns, acho muito legal a iniciativa do McDonalds. É comum dar alguns tropeços quando mudamos o foco ou a direção. O mais importante, no entanto, é o reconhecimento da necessidade em oferecer cultura (brasileira) aos brasileiros. Parabéns!

Para finalizar, eu tenho uma sugestão. Notei que além dos seis livros a loja também oferece quatro bonecos de personagens da rede. Oras, se a ideia é incentivar a leitura, então porque colocar brinquedos para tentar os pequenos? Suma com isso, palhaço!

Livros da coleção:

Dois poemas - A Casa e O Pato
(Vinícius de Morais);
A voz da minha mãe
(Márcio Vassalo);
De noite no bosque
(Ana Maria Machado);
Menino qualquer
(Caio Riter);
O farol e o vaga-lume
(Leticia Wierzchowski e Marcelo Pires);
Você pergunta, a poesia responde
(Lalau).

Segundo o site Publishnews:
Em nível mundial, essa onda de dar livros na compra de lanches do McDonalds começou na Europa, há dois anos. A ideia é que se torne uma campanha sazonal, mas permanente no Brasil. No período da campanha, o McDonalds estuda levar contadores de histórias e autores para sessões de autógrafos nas suas lojas. “Se a gente fizer que uma criança saia das nossas lojas com um livro e compartilhe com um amiguinho, teremos a nossa missão cumprida”, comentou Daniel Arantes, diretor de planejamento de marketing para América Latina da companhia. “Dizem que poesia não enche barriga, mas enche a alma... Nossos clientes vão poder sair dos nossos restaurantes com a barriga e alma cheias agora”, finalizou Arantes.
Fonte:

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