sábado, 1 de dezembro de 2012

Espaço LIJ - Dezembro de 2012

Bem, depois de viajar para Curitiba e Olinda, de lançar um livro e de participar de um bate-papo em uma escola no Rio de Janeiro, eis que pinta uma entrevista em São Paulo na última semana de novembro. Cadê tempo para terminar a coluna?

O tempo pode ser curto, mas graças à LIJ, os amigos são muitos. Embora dezembro seja um mês fraco para eventos, trago aqui convidados de primeira linha. Craques das teclas e dos pincéis que encantam a todos nós com sua criatividade. Meu presente de Natal para vocês:

Na Ilustra, diretamente de Barcelona para as páginas do Sobrecapa: Taline Schubach!

Na Entrevista Foguete, minha amiga e super escritora: Sandra Pina!

No Artigo do Mês, um texto de uma convidada muito querida, a artista Cristina Villaça!

Palmas que elas merecem!


ILUSTRA com Taline Schubach

A Taline é uma figuraça. Quem acompanha suas publicações se diverte com seu rico senso de humor e é arrebatado pelo seu talento com cores e formas. Seus personagens estão entre os mais expressivos que já vi. Sou fã mesmo.

As imagens abaixo são etapas do processo da criação do livro Foi o coelho! (nome provisório), que será lançado pela Callis em 2013. É o primeiro livro com texto dessa artística super simpática, que há cinco anos trabalha com ilustração editorial.

  
Taline Schibach é carioca e vive em Barcelona. Segundo ela, para o livro acima mencionado, “a técnica utilizada foi a aquarela (Schmincke), com contornos feitos a bico de pena em tinta chinesa siena. Há um pouquinho de grafite também. A primeira foto é na mesa de luz, onde passo o rascunho para o papel final, de aquarela - nesse caso um Fabrianno 100% algodão. Ao lado, uma foto do processo e outra da ilustração mais próxima do trabalho final.




UM QUIPROQUÓ EM OLINDA
Cristina Villaça

Acabo de chegar de Olinda, onde participei da VIIIª FLIPORTO, a grandiosa Festa Literária Internacional de Pernambuco. Com a presença de 90.000 pessoas, segundo estimativa dos organizadores do evento, a festa é, na realidade, a culminância de um projeto cultural muito mais amplo, pois tem o compromisso de atuar na formação de leitores, na valorização do livro e da cultura literária.

A edição de 2012 da FLIPORTO trouxe como tema o teatro: A vida é um espetáculo, e o grande homenageado foi o escritor pernambucano Nelson Rodrigues. Fui chamada a apresentar meu trabalho de escritora de livros para crianças, assim também como vários outros colegas, e a atuar na FLIPORTO CRIANÇA ministrando minha oficina de teatro para iniciantes, a OFICINA QUIPROQUÓ.

Ainda estou desfazendo as malas, tanta bagagem eu trouxe...

Creio que meu livro Quiproquó: jogos de teatro na Educação Infantil (Editora Ao Livro Técnico), que lancei durante o evento, caiu como uma luva no tema da festa. Tanto que pude comprovar tudo o que digo no livro com a oficina que dirigi durante o evento. Compareceram cerca de vinte crianças de cinco a dez anos acompanhadas de seus familiares em uma manhã de domingo ensolarado e muito quente. Quase todos os adultos que foram deixar suas crianças na tenda destinada às oficinas, na Praça do Carmo, decidiram ficar e assistir minha aula. Foi mesmo muito divertido!

O fascínio que o teatro desperta em alunos de quaisquer idades justifica-se pelo evidente teor lúdico da atividade, mas não posso deixar de me referir ao desejo de algumas crianças, desejo muitas vezes estimulado por seus pais, de se tornarem atores e atrizes de televisão. Esse comportamento é um reflexo do exagerado culto às celebridades que presenciamos em nossos dias. Mas para mim, educadora desde o comecinho dos anos oitenta, o teatro e as aulas de teatro atuam com eficácia e rapidez na formação de leitores.

Ora, teatro é também literatura: conta-se uma história, mais ainda, vive-se uma história, mesmo que temporariamente. Não conheço melhor disparador de leitura que uma boa história. Minha oficina QUIPROQUÓ é tão somente isso: um processo que encontrei ao longo de minha carreira para estimular a leitura e o fazer artístico em geral. Foi a fórmula que encontrei para fazer a minha parte na árdua tarefa de educador que é operar positivamente na formação de indivíduos criativos e investigativos, atuantes na sociedade de maneira competente e digna.


Quem chega desavisado à minha aula pode ter a impressão de que tudo não passa de uma bagunça, um alvoroço, uma verdadeira babel onde as crianças falam alto, se movimentam e até se arrastam pelo chão. Mas quem está envolvido no processo sabe perfeitamente que tudo faz sentido. O que faço é dividir a turma em grupos e propor um desafio a cada um deles, ou seja, proponho um jogo teatral. O desafio nada mais é do que uma história sem final. O improviso e a interação entre os alunos irá solucionar, ao longo de alguns minutos, a proposta inicial.

As aulas de teatro são o lugar da fantasia e da imaginação. Assim, uma tenda quase vazia, com poucas cadeiras e uma mesa, vira palco de devaneios coletivos: um castelo, uma floresta, um navio de piratas. Enfim, as aulas de teatro são um ambiente mágico e acolhedor onde a única regra é o respeito às diferenças, um lugar onde a criação flui sem censuras. Para mim, a educação pela arte tem importância essencial no universo da criança uma vez que pode constituir um meio de experimentação e expressão criativa.
Em teatro, na comédia, o quiproquó acontece quando uma confusão é formada a partir de uma série de equívocos, daí explodem o riso e a gargalhada. A alegria que o público experimenta ao assistir um espetáculo cômico representa mais que diversão, mas, sim, interação, comunhão. Minha oficina pretende ser, então, uma confusão criativa, uma alegria coletiva, uma comunhão entre prazer e educação.

Sabemos que educação não se faz apenas em casa, ou na escola, mas nas ruas, nas cidades, no dia a dia, na comunhão entre as pessoas. Sabemos que a responsabilidade de educar e formar leitores não é privilégio de pais e educadores, mas de escritores, produtores de cultura, e, mais ainda, do poder público. Na FLIPORTO vi, de fato, acontecerem educação e cultura.

Ensinei e aprendi. Ri e me emocionei. Cresci. Na bagagem que trouxe de Olinda, veio a certeza de que educação de qualidade também se faz na praça.

Cristina Villaça atua como educadora e contadora de histórias há mais de vinte anos. É professora de literatura e teatro. É escritora de livros infantis e livros para educadores. Tem mestrado em Literatura Brasileira e especialização em Literatura Infanto-juvenil.


ENTREVISTA FOGUETE com Sandra Pina

Quantos livros publicados?
Em torno de 26 ou 27.

Três livros seus para quem não te conhece?
O pano de boca - Cortês
As muitas versões de um mesmo beijo - Larousse
Que dia é hoje / Um, dois, feijão com arroz - Zit

Qual a maior diferença entre escrever para crianças, escrever para adolescentes e escrever para adultos?
Eu acho que a grande diferença está na linguagem que você utiliza: o tipo de discurso que você vai usar, a forma como os temas são abordados. Por exemplo, em um livro para adolescentes ou adultos, eu posso usar recursos como um flashback. Já no livro infantil, esse tipo de artifício não é recomendado.

Alguns anos atrás, havia várias coleções juvenis cuja sinopse invariavelmente girava em torno de pequenas turmas de jovens investigadores. Cito como exemplo a Turma do Gordo, de João Carlos Marinho, a Turma do Posto Quatro, de Hélio do Soveral, O Clube do Falcão Dourado, de Gladys, Or Irmãos Encrenca, de Stella Carr, entre outros. Os textos policiais para jovens se esgotaram? Além da coleção ecológica “Os Recicláveis”, de Toni Brandão, e do estilo “Fala sério”, de Thalita Rebouças, o que mais há? 
Eu acho que os textos policiais não se esgotaram. Continuam bem vivos e é um gênero que o adolescente gosta muito. Claro que, hoje em dia, temos que utilizar outras ferramentas, até porque a tecnologia nos permite isso. Precisamos pensar no universo do leitor: o que ele conhece. Tem coisas legais sendo criadas e tem coisas muito ruins também. Eu acho que existe uma diferença de foco de mercado. As editores não investem pesado em mídia nem em marketing de ponto de venda. Hoje, o grande comprador das editoras é o Governo. O Governo não se compromete com a compra do volume 1, 2 e 3. Por isso o investimento nesse tipo de coleção é menor. Pode-se comprar livros com os mesmos personagens, mas não necessariamente é a mesma coleção.

Defina o que a AEILIJ representa para você.
O autor trabalha sozinho. A AEILIJ é um ponto de encontro que pode resultar em grandes benefícios para os associados. O contato mais próximo entre os autores resulta em troca de ideias e nessa troca, você descobre questões em comum.

Site do escritor: http://www.sandrapina.com.br

***
Este Espaço LIJ foi publicado em seção própria no jornal digital Sobrecapa Literal nº 22Acesse www.sobrecapaliteral.com.br para fazer o download da publicação inteira em formato tabloide.

Nenhum comentário:

Postar um comentário